Quem é o motor do mundo?
Quem sustenta a economia? Faz o mundo progredir, cria oportunidades? Que é John
Galt? São essas perguntas que a filósofa russa Ayn Rand, radicada nos EUA,
tenta desvendar com esse que é um dos livros mais influentes e vendidos (depois
da Bíblia) na literatura norte-americana e uma das principais inspirações de
liberais e defensores do livre mercado: A Revolta de Atlas.
Confesso que não conhecia a
obra quando me indicaram há alguns anos e relutei a começar a ler mesmo sendo uma
distopia, um tipo de narrativa que me agrada muito. Outro fator é que é uma
trilogia e minhas prioridades de leitura me fizeram adiar. Como me arrependo.
Apesar de pouco conhecida (sua repercussão começou recentemente com grupos de
fãs da autora nas redes sociais) é indiscutível sua atualidade e relevância
principalmente por levar a uma reflexão do papel dos governos versus os indivíduos.
Num período turbulento em nossa política e num momento onde algumas verdades
começam a ser questionadas, no que tange a ideologia vigente no país, nada
melhor do que falar dessa joia escondida que foi um dos livros que me fizeram
mudar (tema inclusive do texto http://meindicaumlivro.blogspot.com.br/2016/06/trem-noturno-para-lisboa-uma-viagem.html)
e ter hoje uma visão de mundo totalmente nova. Vamos a ele.
A trama gira em torno da
luta de Dagny Taggart, vice-presidente da principal ferrovia americana e de
Hank Rearden, empresário do ramo metalúrgico e criador de um metal mais leve,
barato e resistente que o aço e que leva seu nome. Numa época não identificada,
mas que pelos costumes e utensílios cotidianos se passa logo após a Segunda
Guerra, ambos tentam manter suas empresas numa luta inglória contra o governo
que vai impondo medidas para privilegiar um grupo de empresários ao mesmo tempo
que toma medidas populistas em nome do bem comum que em médio prazo se mostram
desastrosas e levam o país a falência.
Nesse cenário, muito
industriais com valores e posturas similares aos protagonistas começam a
desaparecer ou a se aposentar não deixando paradeiro. Com a economia entrando
em colapso, resta aos dois manterem-se firmes na tentativa de não serem
engolidos pela máquina estatal e tentarem reerguer a nação. Conforme os mais
incapazes e improdutivos vão ocupando o lugar dos que produzem – que também
somem a exemplo dos industriais – a situação vai ficando crítica até o colapso
total.
Obra máxima de Rand, o livro
traz todo o cerne de sua filosofia e visão econômica. Ao mostrar o que acontece
com um país quando o governo começa a centralizar tudo em suas mãos, começa a
explorar aqueles que produzem para garantir o sustento dos que não têm qualquer
interesse em crescer e acha que é obrigação do outro mantê-los vivos, pinta-se
aí o retrato de muitas políticas que aconteceram e vem acontecendo ao redor do
mundo.
Em seu texto ela deixa
evidente quem realmente carrega em seus ombros a economia e por tabela o
progresso de uma nação. Mostra como a imposição de distribuição igualitária é
nociva a uma determinada região, haja vista que aqueles que trabalham são
obrigados a entregar o fruto dos seus esforços aos que nada produzem.
No clímax do livro, toda a
filosofia da autora é explicada por John Galt, herói e responsável pela greve
dos industriais. Com a frieza da objetividade vai mostrando o que acontece de
errado e que leva os EUA à penúria. Nessa explicação de seu intento no fundo
temos a voz de Ayn Rand explicando o princípio do objetivismo, sua linha
filosófica, e mostra como o altruísmo e o discurso de luta de massas e minorias
é vazio e propício apenas a privilegiar alguns. Comunicando-se com obras como
1984 e Revolução dos Bichos de Orwell, mostra as artimanhas e articulações de
quem está no poder no afã de controlar o povo, manter-se no comando e sugando
ao máximo o cidadão comum.
Leitura contundente e
relevante, deveria ser obrigatória nas universidades em todas as áreas,
principalmente nas que formam empreendedores ou formadores de opinião. Ajudará
a clarear a visão de muitos que não veem os absurdos que são cometidos em nome
do bem comum, além de tirar a pele de cordeiro de muitos lobos que temos por
aí. Um livro político, atual, que se mostra profético em muitas sociedades e é
a minha dica dessa semana. Leiam e reflitam, usem a obra como um guia para não
se deixarem levar por discursos bonitos mas que favorecem apenas a alguns
poucos e jogando a grande maioria num abismo de pobreza. Até a próxima.
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