E volto ao mestre Stephen
King, um dos autores mais adaptados para o cinema e que não poderia ficar de
fora desse blog com muitas dicas. Escritor de Best-sellers consagrados e um dos
maiores dos EUA, King já foi levado à grande tela por uma infinidade de
diretores de renome e até mesmo essas adaptações tornaram-se clássicos do
cinema. Poderia fazer uma série só com seus romances – quem sabe uma próxima
sequência de artigos? Mas por agora ficaremos com um dos seus (pelo menos para
mim) melhores livros: O Iluminado.
Como sempre gosto de fazer,
algumas curiosidades sobre o título. O primeiro deles é que o autor não gostou
da versão para o cinema feita por Stanley Kubrick e produziu uma versão para a
TV em 1997. A segunda é que esse foi um dos dois livros que mais me assustaram
na minha vida de leitor, o outro foi um... outro livro de Stephen, que pretendo
falar em outra coluna futuramente. Dito isso, vamos à obra.
O romance narra o declínio
mental de Jack Torrance, professor de Língua Inglesa desempregado, com
histórico de agressão e alcoolismo. Na intenção de escrever um romance, aceita
ser o zelador de um hotel de luxo numa região montanhosa da Nova Inglaterra
durante o inverno – período em que o hotel fica isolado do resto do país devido
às fortes nevascas – e para onde se muda com sua esposa e o filho de 6 anos.
Aparentemente um trabalho
tranquilo e com horas de sobra para escrever, mas o que acontece é a deterioração
da mente de Torrance. O isolamento, a desconfiança da esposa ao risco de voltar
a beber e agredi-los, tudo isso vai levando Jack à beira do abismo. A tudo se soma
também o fato do hotel ter suas histórias sombrias. Ao ser contratado, ele
conhece o caso do zelador antecessor que enlouqueceu e matou toda a família –
esposa e filhas gêmeas – no inverno anterior. Pelos corredores ouve boatos de
que o lugar é amaldiçoado e que carrega o peso de uma série de tragédias e seus
fantasmas ainda rondam pelos corredores.
Mestre na arte de assustar,
King nos brinda com uma trama onde até mesmo o cenário é um personagem. O Hotel
Overlook age sobre o psicológico dos personagens de forma a interferir em suas
ações. Através de sons e aparições vai levando os três personagens principais a
se confrontarem com suas fraquezas. O menino, um paranormal passa a ser
assombrado pelos fantasmas do hotel (as gêmeas, a idosa da banheira) e ameaçado
fisicamente por eles. Jack, por sua vez, começa a se incomodar com as
desconfianças da esposa, que não o perdoa por ter quebrado o braço do filho
quando ele era menor e começa a se deixar influenciar pelos fantasmas, principalmente
o do zelador anterior indo velozmente a loucura. E sua esposa, percebendo a
mudança de comportamento no marido passa a ficar apavorada com cada som e se
prepara para defender a criança de qualquer ameaça que seja.
O livro mostra a linha tênue
entre a sanidade e a loucura e o que pode nos levar a um ponto de ruptura.
Construindo uma narrativa onde o ambiente não é um mero cenário ou pano de
fundo, King nos apresenta uma trama onde o meio é principal articulador para o
desenvolvimento da narrativa. Com fluidez e cenas sombrias em momentos
pontuais, ele consegue levar ao susto sem apelar para carnificinas gratuitas ou
banhos de sangue desnecessários, na verdade o horror apresentado na obra é mais
psicológico deixando o leitor numa eterna tensão junto com os personagens,
digno da escola de suspense estadunidense iniciada com o também grande autor
Edgar Alan Poe. Então essa é a dica da semana. Até a próxima.
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