Os
EUA são
conhecidos como "a terra das oportunidades". Muitos europeus,
principalmente italianos, desde o início do século XX, migram para lá na esperança de construir uma vida nova e criar raízes no novo continente. E é com esse espírito, construir uma vida nova, que o
jovem Vito Corleone chega a Nova York e constrói seu nome no panteão das grandes obras-primas, tanto na
literatura, quanto no cinema. Essa é a coluna de hoje na série de Best-Sellers que viraram clássicos do cinema. Com vocês: O Poderoso Chefão.
Antes
de começar
a falar da obra, vale uma curiosidade a respeito do romance. A ideia inicial de
Mário
Puzzo foi fazer um roteiro, ainda nos anos de 1960, sobre uma família de mafiosos. Os estúdios em Hollywood rejeitaram, estava na
moda os grandes musicais e um filme com essa temática, temiam os estúdios, iria fracassar. Puzzo então reescreveu a trama em forma de
romance e virou Best-Seller no ato. Nascia assim uma das maiores narrativas de
máfia
da literatura e depois do cinema. Com o sucesso do livro o autor voltou a
roteirizá-lo
junto com Coppola e o resto é história.
Dito
isso, vamos direto ao ponto. O livro conta a história da família Corleone. Radicados em Nova York
desde a chegada de seu patriarca Vito Corleone. Prósperos e poderosos, donos de uma
importadora e outros negócios, mantêm-se unidos por valores sólidos de autoproteção. Vito e sua esposa são pais devotados e dedicados a seus
quatro filhos e esses respeitosos e orgulhosos de sua história. Aparentemente, o retrato de uma típica família ítalo-americana bem sucedida da primeira
metade do século
XX, porém,
por trás
da fachada de família
tradicional há
uma quadrilha poderosa de mafiosos sicilianos que faz justiça com as próprias mãos, mata inimigos, corrompe poderosos e
promove uma guerra no submundo novaiorquino durante o período da lei-seca.
E
é
esse contraste que torna a obra grandiosa e os personagens cativantes. Com um
tom de tragédia,
o romance narra a ascensão e morte de Vito e a ascensão ao poder de seu filho caçula, Michael Corleone. Dividido em três momentos, temos primeiro a apresentação da família e o início da guerra entre os mafiosos que
leva ao atentado contra o Don Corleone e o assassinato de seu primogênito e herdeiro Sony. No segundo ato,
podemos chamar assim, conhecemos a trajetória desse homem que foge da sua terra
natal na Sicília,
desembarca na América
e se dedica a cuidar dos seus, não importando os meios para isso. Fascina
ver no mesmo personagem um homem apaixonado por sua mulher, carinhoso com os
filhos, mas frio com os desafetos.
O
terceiro ato fecha de maneira magnífica a trama por mostrar a subida ao
topo do filho mais novo, Michael. Como o pai, a personalidade da personagem é bem complexa. No início, o rapaz busca se manter distante
dos crimes e dos negócios
da família.
Aparentemente, Michael transparece possuir um traço pouco afeito a mortes. Após a tentativa de assassinato contra deu
pai, ele começa
a demonstrar a frieza necessária para comandar a família. E conforme Vito vai enfraquecendo,
Michael vai se embrenhando cada vez mais, mesmo a contragosto, nos negócios e vai se tornando mais parecido
com o seu antecessor.
Com
uma trama que mistura drama familiar e crimes, O Poderoso Chefão nos brinda com uma narrativa sobre
aceitação
do destino. Da mesma forma que Hamlet, cujo príncipe aceita o fardo de vingar a morte
do pai, na obra de Mário
Puzo Michael Corleone também aceita o seu destino de seguir os
passos do pai após
sua morte resignando-se a uma vida que a princípio não planejava para si e que ao abraçá-la teve que aceitar todo o fardo e ônus do poder.
No
cinema, Coppola produziu uma trilogia que vai até a morte de Michael. No livro a trama
com sua ascensão
ao poder. Como fã
do livro e do filme, recomendo que leia a obra e veja os filmes. Para quem quer entretenimento de alto nível, fica uma boa
dica para fugir dos dissabores da vida. Até a próxima semana.
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