CORNÉLIO E FAULKNER: NA FRONTEIRA DA NARRATIVA

 



Por: Kleryston Negreiros

Estamos nos anos 1930 e o mundo que conhecemos entrou em colapso: saímos de uma guerra que devastou a Europa, sobrevivemos a uma pandemia e, quando tudo parecia se reorganizar, o mundo entra numa grave recessão econômica e se encaminha para regimes totalitários em vários países trazendo de volta o fantasma da guerra. Nesse contexto, qual o papel da narrativa? Como escrever sobre a realidade quando o mundo que se conhece entrou em declínio?

Pois é nesse cenário que são escritas as obras Luz em agosto (1932), de William Faulkner, e Fronteira (1935), de Cornélio Penna. Rompendo com estruturas narrativas e trazendo aspectos psicológicos que expressam o descontentamento e traumas com o mundo de então, ambos os autores criam uma comunicação única entre personagens, ambientes e construção da trama ligando o interior de Minas ao Tennesse a partir de suas formas de religiosidade opressora, de um passado assombroso que insiste em ficar no presente e uma atmosfera sufocante que asfixia o leitor.

E é isto que pretendo mostrar, saudoso leitor desse humilde escriba, como as inovações estéticas na ficção dos anos 1930 puderam criar obras que iam profundamente na alma humana e trazia de forma mais intimista a realidade de um mundo em transformação. Com um realismo bruto, sem distrações, ambos os autores, Cornélio e Faulkner, construíram tramas que iam muito além de um simples retrato do cotidiano do homem comum, mais que isso, mostravam como essa vida familiar, simplória e cotidiana poderia esconder tragédias dignas dos grande épicos narrativos. Mas, sem mais me alongar, vamos entender cada obra separadamente e depois vamos ver o que as ligam.

Fronteira – O limiar da realidade e do assombro

Escrito por Cornélio Penna (1896 – 1958) e publicado em 1935, a obra é marcada por uma extrema ruptura com o que se entende como construção narrativa. Com estrutura de diário e permeada de mistérios reais, a trama conta os últimos momentos de vida de Maria Santa, jovem que vive confinada num casarão antigo no interior de Minas Gerais no final do século XIX.

Com atmosfera sufocante, o livro transita na fronteira entre o real e o fantasmagórico criando um efeito de camadas que vai prendendo o leitor nesse clima rarefeito e fugidio na tentativa de descobrir o desenlace da trama, que nunca deslancha e nem conclui desenrolando-se no ritmo do sonho.

É um texto que trata de segredos familiares escondidos pela rotina do casarão caminhando pela fronteira – tomando a ideia do título e que perpassa pela escrita de Penna de forma minuciosa – entre o real e o aberrante, o mundo diurno e o onírico, entre a vida e a morte.

Vale salientar que esse conceito fronteiriço da obra é refletido também em sua estrutura inovadora e cheia de experimentalismos. Utilizando-se de um fluxo de consciência intenso, o autor intercala duas vozes narrativas o que cria a primeira ambiguidade e indefinição (traço marcante do livro): há um primeiro narrador, esse em terceira pessoa, onisciente e que sabe sobre tudo o que vai acontecer, mas que dá voz a um outro narrador que está inserido na trama, porém, não é identificado em nenhum momento, aliás, nem mesmo se é um narrador ou narradora, ou qual relação possui com os demais personagens e de que forma tem intimidade com esses e a casa.

Ainda sobre o fluxo de consciência, a trama não desenrola de forma linear, sua cronologia é incerta, há saltos no tempo indefinidos e mesmo a época em que a história acontece é confusa e imprecisa, só há um marcador de tempo que é apresentado de forma sutil quando indica que tudo acontece durante o governo de Floriano Peixoto.

Cornélio também aposta na inovação da estrutura do texto fazendo uso do formato de diário, que ainda assim, é subvertida aumentando não só o suspense – que é mantido até o fim do livro – como causando um efeito asfixiante, sensação que acompanha o narrador(a) da história desde o início. Esse efeito, inclusive, vai ser mencionado e experimentado de diversas formas: desde a descrição dos ambientes (região montanhosa, a casa, o quarto), até na tentativa de desvendar os mistérios da trama.

A propósito, a subversão, dita anteriormente, se dá com a não sequência cronológica dos fatos. Sendo uma tipologia textual pautada pela cronicidade, Penna, ao não datar os capítulos, deixar obscurecida a identidade do autor(a) do diário e, principalmente, não seguir uma sequência cronológica dos fatos, optando pelo fluxo de consciência e ida e vindas no passado, torna essa proposta de escrita inovadora não só no que diz respeito ao que se convenciona como romance, como também, ao que se entende por diário pessoal.

Essas inovações na estrutura narrativa e abordagem de questões psicológicas e intimistas estavam presentes na literatura dos anos 1930 aqui no Brasil e no exterior. Isso pode ser percebido na outra obra analisada nesse artigo, Luz em agosto, de William Faulkner, publicado em 1932 e que será abordado a seguir.

Luz em agosto – A escuridão da alma sulista

Ambientado em Jefferson, cidade fictícia do Mississipi, no sul dos EUA, durante o período da Grande Depressão e Lei Seca, o livro conta a saga de Lena Grove e Joe Christmas. Personagens que não se cruzam na trama, porém, com as vidas interligadas a partir de Joe Brown (ou Lucas Burch), a obra mostra a miséria humana e econômica da região e toda a sua hipocrisia religiosa.

Num texto polifônico, isto é, com várias vozes narrativas e com uma cronologia não linear, acompanhamos a jornada de Lena do Alabama ao Mississipi à procura de Lucas Burch, pai do filho que ela espera e que está perto de nascer. Abandonada pela família e seguindo sozinha de um Estado ao outro, Grove chega à cidade onde Burch/Brown trabalha e descobre, através de Bunch, homem ensimesmado e que se apaixona pela jovem, que o pai do seu filho não trabalha mais lá e está envolvido no contrabando de bebidas alcóolicas sendo sócio de Christmas.

A trama se desenrola no período de uma semana, mas ao usar o recurso de fluxo de consciência e flashbacks, vão sendo apresentadas as tramas dos narradores-personagens. Esse recurso polifônico é utilizado pelo autor – uma inovação na escrita – para contar as tramas paralelas e nortear o leitor em toda a saga dessas criaturas solitárias e perdidas numa época de pobreza de abandono. E ao intercalar as vozes que contam a história, o suspense acaba por se manter vivo até o fim da trama prendendo o leitor num ambiente sufocante e numa narrativa que asfixia pelo peso de um passado que pesa sobre os ombros de cada personagem.

A escolha da ambientação, uma cidade pequena, no interior dos EUA, reforça essa sensação de sufocamento. A região é habitada por pessoas solitárias, com apenas uma pessoa rica em todo o condado, a miséria financeira e moral vai se espalhando pelas casas e vidas dos que ali residem. Essa decadência cria uma sensação de desespero e falta de horizonte, que somada ao calor da época do ano, cria um efeito mormaço de peso durante a leitura da obra.

Além de Lena, a narrativa conta a tragédia de Joe Christmas. Homem solitário, funcionário da serralheria local e contrabandista, é guiado por uma série de infortúnios até seu martírio no fim da semana cuja narrativa se desenvolve. Homem branco, porém mestiço, essa ambiguidade racial vai ditar as suas escolhas durante toda a sua vida, Christmas vai se colocar em holocausto por não se aceitar como é, e, no fim, será acusado pela morte de sua amante, a única pessoa realmente rica na região, oferecendo-se como mártir da própria história.

O livro ainda traz alguns outros personagens que possuem vozes significativas e reforçam essa ideia da opressão do passado e da opressão religiosa sobre a vida das personagens. Um deles é Byron Bunch, jovem que ajuda Lena na busca pelo pai de seu filho, porém, manipulando as informações e até o momento do encontro entre os pais da criança que irá nascer por ter se apaixonado por ela. Ele busca a todo instante agir de forma correta, mas era moralmente ao manipular as ações para retardar o encontro de Lena com Brown.

Outro personagem importante para a trama e que reflete essa decadência citada anteriormente é o ex-reverendo Gail Hightower. Líder religioso local no passado, é expulso da congregação e passar a viver de forma solitária após ter sua vida pessoal exposta. Durante seu período como reverendo, sua esposa passa a traí-lo e é encontrada morta num motel em Menphis, expondo o pastor e, consequentemente, levando à sua expulsão. Ele se torna o conselheiro de Bunch e acaba envolvido na trama de Brown e Christmas.

Em Luz em agosto, o peso do passado é quem dá a tônica de como as personagens vão transitar e tomar suas decisões. Esse peso, a partir dos segredos escondidos na casa de Maria Santa, também direciona a narrativa de Fronteira. Ambos os livros seguem por um caminho de experimentações estruturais e de tensões psicológicas alimentadas, em forte medida, pelo peso religioso, entretanto, essa religiosidade não é a busca da salvação e sim o freio moral permeado de misticismo (em Penna) e puritanismo (em Faulkner). E são essas semelhanças que será abordado a seguir.

Cornélio e Faulkner – A fronteira entre Minas e Mississipi

Agora, para mostrar como essas obras foram inovadoras e como se comunicam, quero abordar três aspectos específicos que justificam o quão impactante foram para mim a leitura desses romances e por que são duas dicas incríveis para você, estimado leitor hipotético, mergulhar na riquíssima literatura dos anos 1930. Os três pontos comuns observados foram a estrutura dos textos, a semelhança em algum aspecto das personagens e como a ambientação foi importante para dar o clima dos livros.

A estrutura

Uma característica marcante na literatura do início do século XX foi o desprendimento com as estruturas formais da narrativa. A partir da década de 1920, o que se viu foi a transposição do que pode ser considerada a última fronteira narrativa, a do narrador. Se no Realismo o cotidiano e a vida privada burguesa passa ser o centro da construção da ficção, com suas longas descrições e tentativa de retratar fielmente os ambientes burgueses – e deixando de lado o teor aventuresco dos romances dos séculos anteriores – a partir desse período, o que temos é a narrativa sendo contada de forma externa, mas também de forma interna, o leitor passa a olhar não só o que vê o narrador, como também o que ele pensa. E é esse o primeiro fator de comunicação entre Cornélio Penna e Faulkner.

Em ambas as narrativas, os autores exploram o fluxo de consciência. Enquanto em Fronteira, sentimos o peso da casa sobre as emoções do narrador(a) do diário, sentimos sua angústia asfixiante por retornar a um lugar que lhe oprime e cuja topografia estreita qualquer possibilidade de vislumbrar o horizonte e trazendo camadas cada vez mais sufocantes, indo da cidade para a casa e da casa para o quarto.

Em Faulkner, esse fluxo é usado para marcar a polifonia da trama e contar paralelamente ao tempo cronológico, como as ações das personagens as levaram àquela situação que se encontram no momento da história. E não apenas pontuar seus segredos, mas, acima de tudo, indicar que esse passado é uma sombra que os mantém num estado de constante solidão e desamparo, presos a fantasmas que os levam à autodestruição.

Outro ponto estrutural que aproximam os dois livros é sua não linearidade temporal. Ao adotarem o recurso de fluxo de consciência, os autores apostam numa construção temporal mais psicológica, cada um a seu modo: em Fronteira, a subversão da escrita de diário não marcando a sequência cronológica criando, assim, um fluxo de texto que leva o leitor para frente e para trás no tempo causando uma sensação de vertigem, não tendo onde se amparar, o que leva a um mergulho nos sentimentos tortuosos dessa voz misteriosa que escreve o diário.

Já Faulkner, explora ao máximo os flashbacks, porém, sem indicar o momento em que ele ocorrerá. A trama vai seguindo um fluxo onde passado e presente aparecem de forma simultânea levando o leitor a entende quase em tempo real o que levou determinada personagem a agir como agiu na trama.

Enquanto um autor provoca vertigens no leitor, o outro explora as múltiplas vozes, inserindo, inclusive, personagens secundárias e sem qualquer relação com a trama que contam os fatos como observadores externos do que ocorreu.

Somado a tudo isso, ambos os autores vão dando um ritmo de lentidão às suas narrativas. Esse recurso serve para alimentar o suspense até o último momento criando uma atmosfera de peso emocional até mesmo em que lê as obras. O que vai diferenciar cada uma delas é o fato de que no texto do brasileiro, não há a solução do mistério. Nesse caso, o realismo de Penna se revela na maneira como os segredos da família de Maria Santa são guardados até mesmo do leitor, como acontece no mundo real.

Diferentemente de Faulkner, que dá desfechos a suas personagens, porém sem entregar tudo apressadamente. Mesmo quando morrem, há um suspense até que toda a tragédia se revele. As múltiplas vozes que contam a história permitem que o ritmo seja cadenciado para que tudo venha à luz no momento certo. Ou seja, o tempo, nos dois romances, é fugidio e clímax tem um desfecho místico/religioso já que ambas as narrativas têm como pano de fundo a Semana Santa, seja de forma concreta (Fronteira), seja de forma metafórica (Luz em agosto).

As personagens

A opressão religiosa é fortemente marcada nas duas obras. Em Fronteira, há um catolicismo místico e sincrético e isso é representado nas figuras de Maria Santa e Tia Emiliana. Uma, aceita seu destino, a outra, controladora, é a grande responsável pelo fim trágico da primeira.

Já em Luz em agosto, a opressão religiosa se dá através do puritanismo protestante do sul dos EUA. A representação desse viés estão nas figuras de Joe Christmas, Jovem mestiço de pele clara e sangue negro, é assombrado pela presença do seu pai adotivo, McEachan, homem de rigidez religiosa e frieza brutal, a quem Joe mata para tentar se livrar da sua opressão.

São essas personagens que servem de elo entre as duas obras e que serve para marcar esse peso da religiosidade distorcida em ambas as tramas. Nas figuras de Maria Santa e Joe Christmas (oprimidos pela fé cega de seus respectivos parentes e com um culpa a carregar que será espiada com o martírio) e Tia Emiliana e McEachern (opressores religiosos que distorcem os ensinamentos religiosos levando seus entes a um ambiente místico sombrio ou de servidão e temor).

Em relação ao primeiro par, o que se vê é que ambos carregam o peso de religiosidade rígida, usada para alimentar culpas e o peso do passado a partir de mortes que os assombram no decorrer da vida e que os levam a buscar a redenção na morte como mártires.

No caso de Maria Santa, essa resignação aparece em sua apatia e aceitação de seu destino, traçado por sua Tia Emiliana. Ela carrega o peso da morte de seu noivo, que nunca é revelada, mas que atormenta como uma sombra a memória de Maria. O peso da dor e do segredo a leva a se entregar em martírio na Semana Santa acreditando que fará um milagre: para os moradores da cidade, sua ressureição; para ela, sua redenção.

Assim como Maria Santa, Joe Christmas carrega o peso de uma criação de rigor religioso. Criança abandonada ainda recém-nascida, é adotada por McEachern, fundamentalista religioso e homem rude. É nesse ambiente, de autoritarismo, silêncio monástico, servidão opressora e culpa constante que Joe cresce. É a morte de seu pai adotivo, assassinado pelo próprio Christmas, que vai assombrar o jovem pelos próximos anos. A essa culpa, será adicionada a da morte de Joana Burden, mulher com quem ele se relaciona sexualmente. A não aceitação de sua condição de mestiço e o peso dos crimes o levam a se entregar em holocausto e morrer como um mártir para aplacar a ira de uma cidade racista e a culpa por uma vida errante e de crimes.

Do outro lado, aparecem as figuras de Tia Emiliana e McEachern. Tia Emiliana é a força por trás da tragédia de Maria Santa em Fronteira. Mulher rica e cheia de segredos, manipula a todos para conseguir o que quer. O seu fundamentalismo religioso cheio de misticismo e sincretismo leva Maria a aceitar o seu destino sem questionar. E ela quem mantém o ambiente opressor cheio de culpas e ressentimentos que vai consumir a alma da jovem e que a leva ao morte.

Já em Luz em agosto, surge McEachern, homem rude, religioso e que adota Joe Christmas ainda na infância. Ele é a figura opressora que assombra o passado do jovem. Com seu moralismo puritano e sua obsessão moral, persegue Christma o criando em um ambiente violento e asfixiante. McEachern alimenta a culpa e a repulsa de Christmas com religiosidade, que o leva a assassinar sua amante. E a morte desse pai adotivo coloca Joe numa jornada de fuga que o leva ao seu martírio. Semelhante à Maria Santa, há a culpa e um crime que o assombra, porém, diferentemente dela, ele não se torna apático. Quanto ao pai adotivo, ele toma a mesma postura repressora e hipócrita, com o mesmo olhar distorcido da fé para impor medo e superstição ao quem lhe é inferior.

O ambiente

Para dar sentido a esses sentimentos já ilustrados anteriormente, os autores apostaram numa ambientação decadente e sufocante. Cada um a seu modo opta por retratar regiões que conhecem bem e usam esse conhecimento para ambientar o leitor de forma mais intimista.

A escolha por retratar cidades decadentes é um primeiro ponto de contato entre as obras. A cidade onde ocorre a trama de Fronteira não é definida e nem o ano em que ocorre, apenas por algumas informações, supõe-se ser no interior de Minas Gerais e no final do século XIX. A cidade está em decadência desde o fim do ciclo do ouro na região, é empobrecida e a única pessoa com recursos é a Tia Emiliana.

Numa região cercada por montanhas, a sensação de falta de horizonte permite que o autor explore essa asfixia narrativa, que vai seguir por todo percurso da história. De forma espiralada, essa sensação vai ampliar ou diminuir cada vez que as personagens se deslocarem entre os ambiente: mais intensamente na casa antiga e com móveis pesados e ampliando até nos quartos e de forma menos sufocante em espaços abertos, ainda assim essa falta de espaço e amplitude reflete o sentimento das personagens e de sua voz narradora.

Isso também acontece em Luz em agosto. Conhecedor profundo do sul dos EUA, Faulkner escolhe a região do MIssisssipi para ambientar seus personagens. Criando a fictícia Jefferson, cidade empobrecida, onde todos estão no limiar da miséria financeira ou moral, o autor transfere tom asfixiante da trama ao local. Desenrolando sua narrativa no ápice do verão norte-americano, numa região de clima mais quente que em outras partes do país, a descrição do abafamento provocado pelo calor e a sensação sufocante dos ambientes fechados (casas, escritórios, delegacia) cria uma atmosfera parecida com a de Fronteira onde a jornada por toda a trama se dá de forma pesada.

E é esse recurso, a criação de ambientes lúgubres, insalubres e com o ar contaminado, que os autores reproduzem no leitor a sensação do peso do passado, do assombro com os fantasmas e o desconforto com a própria existência. Ao criar uma espiral de ambientes com pouca luminosidade, com o ar úmido do calor e lugares parados no tempo, refletindo o a presença imperiosa do passado, eles colocam o leitor não só dentro do pensamento das personagens como fazem com que sintam também o que está sendo retratado nas obras.

Faulkner foi um dos mais importantes e influentes escritores do século XX, Cornélio Penna, apesar de pouco lembrado, foi um dos mais inovadores escritores da geração de 1930 da literatura brasileira. Ambos buscaram reproduzir as tensões psicológicas das suas regiões, buscaram transmitir através de seus livros o peso do fundamentalismo religioso, o terror com que o passado nos assombra e, principalmente, como o mais banal e cotidiano da vida do homem comum pode ser carregado de significado e sofrimento, mesmo que tudo pareça imutável como a decoração de casas antigas ou a rotina de uma pequena cidade.

Suas obras foram significativas para o que veio a seguir não só na literatura brasileira, como na mundial, influenciaram grandes autores e deixaram seu legado com suas inovações narrativas, suas construções cheias corredores labirínticos e eternizaram seus nomes como dois gigantes da escrita.

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